terça-feira, 10 de junho de 2008

Porquê o Fotojornalismo?


“Se a vida fosse um livro, viver e não viajar
seria como se lêssemos apenas uma página deste livro.”
Blaise Pascal

Não foi uma escolha. O gosto pelo jornalismo surgiu na minha vida, ainda durante a adolescência, enquanto procurava algo que gostasse de fazer. Este gosto ganhou forma e conduziu-me ao Fotojornalismo. Gostava de viajar e, com uma caneta e uma máquina fotográfica compacta com um rolo de 24 fotos, comecei a coleccionar histórias e imagens de vidas e de sítios. Gostava daquela combinação de imagem e conteúdo, da simbiose da história com a as imagens das personagens, da representação dos factos fruto dos meus actos com uma máquina fotográfica.
Uma combinação que mais tarde vim a descobrir ser a base da definição restrita do Fotojornalismo, que nas palavras de Jorge Pedro Sousa [1] consiste numa “actividade que pode visar informar, contextualizar, oferecer conhecimento, formar, esclarecer ou marcar pontos de vista ("opinar") através da fotografia de acontecimentos e da cobertura de assuntos de interesse jornalístico. Este interesse pode variar de um para outro órgão de comunicação social e não tem necessariamente a ver com os critérios de noticiabilidade dominantes.” Aquele gosto cresceu. Anos mais tarde, já no primeiro ano da faculdade de Direito, planeei uma nova viagem.
Durante este ano dividia o meu tempo entre a doutrina do Código Civil e os poucos websites sobre a América do Sul existentes na altura. Mapas rodoviários marcavam as páginas dos meus apontamentos da faculdade. No final do ano lectivo, já com todas as cadeiras do primeiro ano da faculdade feitas, fui até à sede do jornal A Tribuna de Santos para oferecer as fotografias e as histórias da viagem que pretendia fazer pela América do Sul. No natal veio o “aval” familiar: uma máquina fotográfica reflex analógica da marca Zenith, fabricada na antiga URSS, completamente manual. Foi uma viagem de experiências, já que não possuía nenhum conhecimento profundo sobre técnica fotográfica, muito menos com máquinas manuais.
Depois de quase três meses regressei a Santos. Entreguei os meus textos e algumas fotografias ao jornal A Tribuna e prometi mais. Tornei-me colaborador da secção de viagens.
Nos corredores da faculdade de Direito os professores já não conversavam apenas sobre os exames: faziam comentários e críticas sobre as minhas fotografias e os meus textos no A Tribuna, davam-me os parabéns e sugeriam outros sítios para visitar. No terceiro ano da faculdade decidi estudar inglês na Inglaterra. Em Londres, passados os primeiros meses de descobertas e de luta, procurei a Revista Brasil.Net. A ideia era a mesma que tive para o A Tribuna. Aceitaram. Razões já não faltavam para eu deixar de vez o curso de Direito. Depois de regressar de uma longa viagem pelo sul da Europa, decidi que era mesmo o Fotojornalismo o que eu queria estudar. Escolhi Coimbra pela oferta da cadeira que mais me chamou a atenção em todo plano do curso de jornalismo, o que não podia ser outra senão a cadeira de Fotojornalismo. Na chegada a Coimbra tive uma decepção[2] : a cadeira não existia, nunca existiu e nem iria existir nos seguintes cinco anos em que estive a estudar em Coimbra.

O Fotojornalismo ia ter que esperar. Era tarde para voltar atrás. Entretanto descobri outros conhecimentos que me faziam falta: “História dos Media”, com a Dra. Isabel Vargues; “Geopolítica”, com o ilustre Dr. Gama Mendes, e as cadeiras de língua portuguesa, nas quais eu tinha imensa dificuldade. Não posso deixar de dizer que graças à compreensão e ao profissionalismo da Dra. Ana Teresa Peixinho deixei de lado a ideia de abandonar o curso.

[1] SOUSA, Jorge Pedro, (2004). Fotojornalismo
[2] As críticas e os comentários apontados neste relatório devem ser lidos num ponto de vista construtivo, pois pretendem apenas mostrar a minha opinião enquanto estudante finalista do curso de Jornalismo da Universidade de Coimbra, o mesmo curso que proporcionou os alicerces da minha formação profissional e pessoal ao longo dos cinco anos em que estive em Coimbra.

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